quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A mãe malvada

- Mestre, fiquei profundamente abalado com uma situação que assisti hoje de manhã. Uma mãe que ralhava com o filho, deu-lhe duas palmadas.
E ficaste abalado porque...
- Já lá vai o tempo em que os pais batiam nas crianças. Toda a gente sabe que a violência não é solução para nada.
E chegaste a essa conclusão através de...
- Mestre, simplesmente sei. Violência apenas traz mais violência...
...como o ódio, suponho...
- Precisamente!
Sim, presumo que tens razão. Violência gera violência e ódio gera ódio. Presumo então, que a criança também tenha batido na mãe em resposta?
- Quer dizer... não.
Então gritou e fez uma birra monumental?
-... hum... também não. Calou-se e ficou muito quieta. Mas tenho a certeza que vai guardar rancor à mãe por causa disso.
Naturalmente. Diz-me uma coisa, a tua mãe nunca te bateu?
- Sim, muitas vezes, mas isso foi antes destas teorias modernas sobre educação...
... portanto, hoje és um jovem ressentido com a tua mãe...
- É claro que não!
Tens a certeza? Afinal de contas ela bateu-te, e tu tinhas a certeza absoluta que aquela criança iria ressentir-se mais tarde da mãe por causa daquelas palmadas?
- Já percebi mestre.
Diz-me outra coisa. Tu viste a causa daquela cena?
Não.
Conheces algum dos dois?
- Também não.
Ficaste para ver como se relacionaram a partir dali?
- Não, mestre.
Portanto, a partir de uma cena isolada, presumiste que aquela era um mãe malvada, antiquada, a bater num filho. E pensas que bater numa criança é errado porque violência só traz violência. Agora responde-me, se violência só traz violência, como explicas que a criança se tenha calado logo a ter recebido as palmadas ou que tu, hoje em dia, não tenhas ressentimentos contra os teus pais, apesar deles te terem ralhado e dado algumas palmadas?
- É que eu levei palmadas porque mereci.
Ah!

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